O último Yama é Aparigraha, que traduz-se como “não-apego”, “não-cobiça”. O prefixo “a” traz uma negação, “graha” tomar, pegar, cessar e “pari” traduz-se por “todos os lados”. Ou seja, este Yama nos ensina que não devemos nutrir a cobiça e a possessividade. Não tomar nada de ninguém por inveja, cobiça ou manter preso em nós mesmos por apego e egoísmo. Esta renúncia se aplica aos objetos e também aos relacionamentos. Podemos nos considerar em dia com os desapegos, ai pensamos em perder alguém querido e os padrões de pensamento negativo retornam. Parece que tudo se desmorona, não é?
E como este Yama se traduz para o tapetinho? Bem, naquele momento em que olhamos para o lado na prática e tentamos fazer o asana com a mesma intensidade do colega, sem nos atentar aos nossos limites pessoais e nos apegamos às imagens, aí está aparigraha. Nos apegamos à imagens que nós mesmos projetamos de nós mesmos para os outros. Nos apegamos às posturas que costumam ser tão fluidas mas naquele dia em específico não sai como o esperado. Nos apegamos às sensações que as posturas proporcionam. Aí que está. O foco fica no esperado e não no momento presente. Quantas vezes não nos apegamos aos “e se?” ou ao padrão de pensamento “se eu fizer isso terei aquilo”. Quando percebemos, nem sabemos mais o que estamos fazendo, perdemos a presença no agora. A querida Monja Coen costuma dizer: “Se você abre as mãos, cabe um universo dentro delas.” É preciso soltar. Se a postura não acontece, solte. Quanto mais entregamos, menos relutamos com a vida. Assim vamos associando os Yamas. Sem apego, com entrega, não há violência, ou seja, aparigraha requer ahimsa. Os Yamas coexistem. Com entrega, não há roubo, não há mentira, trazendo Asteya e Satya. Seguindo a frase de Swāmi Vivekānanda, que diz “Não é quem recebe que é abençoado, mas quem dá”.
Quando soltamos e vibramos nossa vida em ressonância com as infinitas possibilidades que existem no inesperado, nos libertamos de expectativas e permitimos com que o novo entre em nossas vidas. Existe uma infinidade de escolhas e possibilidades. Quando soltamos, fluímos de acordo com a correnteza da vida, sem resistência, como água correndo em um rio.