Senti de compartilhar algo que vem do meu interior, de modo que eu possa também acalentar qualquer mulher que se identifique com esses sentires iniciais. Poderia fazer um texto falando de todas as glórias e bênçãos, certo? Porém, sinto de falar também do lado das sombras, o lado das angústias e inseguranças que permeiam essa nova fase tão importante.
Inicialmente, senti-me traída. Isso mesmo, traída. Traída por mim mesma e confusa. Confusa? Ora, em uma questão de segundos parecia que eu estava resolvendo uma prova de matemática avançada na escola ao me deparar com aquele teste de farmácia positivo. Como? Mas eu anoto meus períodos férteis? E agora, quer dizer que não controlo nada? Que tudo que sabia sobre meu corpo e sobre sagrado feminino não me serviu? E surgem os sentimentos mais horripilantes: culpa, raiva, incompreensão e por aí vai. “Nossa, mas que feio que você sentiu e pensou tudo isso!” Eu mesma me condenava logo em seguida.
Fui pega de surpresa e me deparei com minha fé sendo testada. Porém, percebo que se me coloco como um canal do divido, qual a dúvida de que tudo está no lugar certo e de que a falta de controle é inevitável? Antes de gestar, eu vinha em um processo para aprender sobre amor próprio, entrega e aceitação. Não é que esse presentinho chegou chegando me ensinando tudo isso? Logo eu, que queria controlar o horário de tudo, praticar asanas todas as manhãs, regrar as coisas e tudo o mais. Agora me vejo precisando deitar de tempos em tempos, não importa se fiz ou não minha prática. A prioridade do meu corpo agora é descansar. Aceitação. Aceitar que meu corpo talvez nunca seja na estrutura que eu almejo e que a partir do momento em que eu aceitar isso, ele será exatamente na estrutura que é pra ser. Aceitar que agora tem uma carga enorme de hormônios que vem me ensinar que não sou minhas emoções turbulentas, não sou a quantidade de espinhas que vem aparecendo e que também não sou louca, é só uma fase mais sentimental mesmo. Aceitar que de agora em diante eu vivo com dois corpos e isso requer uma imensa responsabilidade que sinto que dia a dia começa a tomar conta de mim. Minha maior sombra é a falta de atenção e vejo agora como trabalhar com ela. Na imaturidade, me vejo crescendo, junto com esse Ser cresce dentro de mim. Crescemos ao mesmo tempo, cada qual no seu jeito. E assim, o maior medo que eu tinha de maternar vem se tornando realmente um presente, que me ensina a estar presente, que me mostra que essa é uma missão que determinei com meu espírito. Sinto que estou sendo iniciada nos saberes do sagrado feminino, de forma intensa e profunda e agradeço, ao Universo por me proporcionar essa grande evolução interna.
Para mulheres que passam pelas mesmas turbulências, eu digo “calma”. Diariamente esses tem sido meus mantras pessoais: “calma” ou “vai passar”. Nesse momento, eu percebo que não importa nada de negativo que eu faça ou já tenha feito, pois algo de extremamente positivo eu fiz e agora gesto, com vida. A mulher é o único canal do homem para chegar à Terra e isso é grandioso! Claro, não vejo assim na maior parte do tempo, nem tudo é um mar de rosas. Em meio às flutuações hormonais me pego em uma TPM infinita, choros descontrolados por desconfortos e volto no mesmo aprendizado, o de aceitar. Vim ao mundo como mulher, como canal, mas não vim pronta. Venho aprendendo que pronta para maternar talvez eu nunca esteja, porque esse é um aprendizado constante e diário. Somos luz e todos temos dentro de nós tudo que buscamos, mas somos seres em constante lapidação. Cabe a nós aceitarmos e amarmos os nossos defeitos e escorregões que damos pela vida. Afinal, é com atitudes erradas que aprendemos quais são as certas de acordo com nossa verdadeira essência. Diariamente, tem sido um ato enorme de coragem para enfrentar minhas sombras e de amor incondicional para aceita-las como parte de mim, com carinho e gratidão. O trabalho é constante e diário e eu digo a todas as mulheres, principalmente as gestantes, que está tudo bem com você, vai passar, você vai aprender muito com isso e agradeça sempre que possível. Agradeça pelas lágrimas incontroláveis, agradeça pelos enjoos, pelos cansaços, agradeça por tudo que te ensina a respeitar-se e amar-se incondicionalmente, afinal, essa é a medicina da mãe, a medicina do amor incondicional. Agora você tem uma missão de extrema importância e vive o momento mais belo de sua vida, a missão de ser canal para outro Ser e conduzir esse Ser por esse plano Terreno. Assim como você, ele terá suas frustrações, escorregões mas também acertos. Agradeça por cada pessoa que se coloca ao seu lado, que te manda uma mensagem carinhosa ou apenas pergunta se está tudo bem. Quem reconhece todo o ouro presente na sacralidade da gestação, compreende a sacralidade da vida. Reconheça-se primeiro, mulher, como Ser sagrado e divino em sua missão mais pura, o que por si só te torna poderosa, inquebrável e perfeita com toda sua essência. O amor próprio é base para reconhecer seu sagrado, o amor é o único caminho. Ame-se muito, em dias nublados ou de sol. Ao final de cada dia, o carinho e o reconhecimento mais verdadeiro vem do ato de colocar a mão no ventre e dizer: “Estou aqui, estamos bem, eu te amo.”
Namaste