No mais básico das definições, Yamas são atitudes que devemos ter e Niyamas atitudes que devemos cultivar, destinados a promover uma base moral ao yogi.
São oito membros, que compõem o sistema do Yoga. Em Patanjali, os Yamas são ditos as auto-restrições. Ambos, tem por finalidade nos libertar da vida de Maya, ilusão. É importante lembrar que os Yamas e Nyamas são conselhos éticos e não dogmas. Tratam-se de direcionamentos para proporcionar ao Yogi a conexão com o respeito para com toda forma de vida, incluindo ele mesmo.
Yama significa controle ou domínio. É o pontapé inicial. Os Yamas são as cinco proscrições: não usar nenhum tipo de violência (ahimsā); falar a verdade (satya); não roubar (asteya); não desvirtuar a sexualidade (brahmācārya); e não se apegar (aparigrāha).
Niyama, compreendem cinco disciplinas: a purificação (śaucan); o contentamento (santoṣa); a austeridade ou o esforço sobre si próprio (tapas); o estudo das escrituras do Yoga e de si próprio (svādhyāya); e o reconhecimento e reconexão com o divino (Īśvara pranidhāṇa).
Hoje vou compartilhar sobre Ahimsa, a não-violência.
Esta qualidade denota uma atitude e um tipo de comportamento em relação a todas as criaturas vivas, com base no reconhecimento da subjacente unidade da vida. Assim, reconhecendo o divino em todos os seres, incluindo em nós mesmos. Como podemos extinguir a violência de nossas vidas se nos tratamos com violência? O caminho para a não-violência começa do autoconhecimento. Quando observamos atentamente a nós mesmos e identificamos as arestas que ainda permitem a identificação com padrões violentos, começamos a transformar o modo como agimos com o mundo externo. Enquanto encaramos nossas sombras com violência e evitamos a prática do autoperdão e da autocompaixão, o caminho na direção do outro vibra na mesma energia. Quando somos agressivos com os aspectos que não gostamos em nós mesmos, somos agressivos com os aspectos que não gostamos nos outros e, assim, nossas diferenças com o próximo geram barreiras que separam e não permitem a integração harmoniosa de nossas relações. O caminho da aceitação cessa as perturbações internas. Aceitar o que é, sem necessidade de modificar é um grande passo para a aceitação de si mesmo, sem resistência ao que se apresenta.
Um grande professor uma vez me disse: “Somente vibramos no estado de ahimsa, sem identificar as violências externas, quando paramos de nos identificar com as violências internas.” O olhar para dentro de si é uma prática diária que se inicia no tapetinho de Yoga e se reflete ao longo do dia. Como nos comportamos com nós mesmos nas posturas reflete muito sobre como nos comportamos com nós mesmos no dia a dia. O que você força? Resiste? Cobra? Quando não respeita os seus limites e sente dores físicas? A observação desses aspectos é a chave para a percepção de como podemos tornar nossa relação com nós mesmos uma relação de mais amor, harmonia e compaixão. Quando esse movimento para nós mesmos é atingido, ele começa a acontecer em nossas outras relações. Ahimsa requer nossa mais pura humildade e sinceridade com nós mesmos. Olhar para os erros, reconhecer quando apontamos os dedos e quando culpamos o outro por nossas dores e pela nossa infelicidade. Reconhecer que parte de nós permite nossas agressões internas que se refletem em nossas relações. Ahimsa se trata da autoresponsabilidade por vivermos em um mundo violento e desrespeitoso, sabendo que o que emanamos para este mundo reflete como ele se apresenta. Portanto, é possível fazer nossa parte curando a relação com nós mesmos, respondendo às nossas imperfeições com amor e compaixão, nos livrando de padrões negativos de culpa, agressividade e acusações.