Incandescente vontade de saciar uma sede de criação se origina do âmago do meu ventre. Trago a inocência da criança em cada passo, em cada atividade em posturas diárias. Brinco e dou risada.
Vejo o mundo com as cores do arco-íris. Sinto-me inocente e cada passo parece um novo caminhar. Os beijos parecem os primeiros, os olhares são dos mais simples e semeio tudo aquilo que quero ver florescer. O brotinho começa a soltar suas primeiras folhas. Uma energia materna cativante toma conta de todo meu ser. Quero amar, quero cuidar, quero nutrir e me faço receptiva para receber. Meu útero se encontra nesta fase como um grande jardim, cheio de flores para serem polinizadas, flores que rego todos os dias com amor e carinho. A energia do Sol a pino banha todo meu ser. Dentro de mim é verão, é época de sair para mostrar-me ao mundo e deixar com que minha energia expanda e fecunde outros corações com o amor da Deusa Mãe nutridora. As flores começam a murchar, as cores se vão. Surgem as sombras, as folhas que caem no outono são minhas emoções não trabalhadas que vem à tona. São tantas e tão mais latentes quando não respeito meus ciclos, que a vontade é de destruir por completo meu interior. Porém, a bomba é impactante para o externo também. Fugindo de mim mesma, destruo relações, comigo e com os outros, em um desespero interno de destruir toda confusão que paira dentro. Todas as ferramentas de cuidado que tenho parecem não funcionar e é necessário aceitar que é hora de recolher-se para a caverna. O apego sempre vem como um novo desafio, em diversas facetas, às vezes, de mim mesma. Chega a Lua Nova interna, o Inverno, é hora de soltar, deixar morrer. Só assim será possível meu renascimento. Surge uma dor profunda, um luto, de um útero não fecundado. Dor misturada com alívio por não encontrar-me pronta para gerar. Monto em meu Ser uma tenda onde possa ficar, meditar sobre o que foi vivido, fazer o balanço da colheita para observar o que deve ser plantado na próxima Lua. Agradeço, pela oportunidade de vivenciar toda a grandeza feminina neste plano terreno.
Assim falei,
Larissa Marques